Breve sonho...
Travo a noite em tuas mãos,
pelos vãos dos meus calores.
Tua boca em meus contornos,
tua voz no meu silêncio,
quando a fome na ausência,
se declara soberana,
como dona, como ama,
dos desejos que se escondem,
no arfar dos meus suspiros,
quase sempre repartidos,
qual metades da laranja...
Tanto amor com reticências,
colorindo a madrugada,
salpicando de estrelas,
quase um céu, na alvorada,
testemunha extasiado,
da mais pura despedida,
entre o sol e o luar...
Dois amantes infinitos,
no habitar da eternidade,
cujo amor jamais banido,
nunca permitiu tocar.
Dois amantes derradeiros,
na paixão que nunca vai.
Volta sempre sorrateira,
como sons na madrugada.
No delírio mais perfeito,
que permite o nascimento,
todo dia ao despertar...
Um amor que nos domina,
nos assume pelo tempo.
Nos decifra a partitura,
no cantar do passarinho.
Nos permite a vã loucura,
de amar no breve sonho...