Dormes e Eu?
Dormes,
e uma tristeza imensa,
me acolhe.
Sinto tua falta...
Falta sim,
do teu gosto que me percorre,
louco, e me faz tremer.
O cansaço, me rouba teu braço.
Tanto quero teu abraço,
hoje, agora,
nesta tonta madrugada...
Nesta paz,
que teu sono embala,
e os meus desejos desperta.
Teus suspiros me provocam.
Um holocausto,
em minhas noites...
Que fazer com esta agonia?
Vem pergunta, teimosia.
O que fizestes,
com o que de mim sabias?
Não te dizem mais,
meus olhos?
Não te conta nada,
meu silêncio?
Sinta o cansaço dos meus passos.
Sinta o temor que me cala.
Nada digo, nada falas.
E fico aqui, tão tua e sozinha...
Sinta...
Feche os olhos.
Lembra quando cantei,
e adormecestes,
me ouvindo sussurrar?
Naquele momento,
abafei o pranto,
gravei um sorriso na dor,
só por te amar.
Só por te amar,
meu amor...
O que fazer com esta prisão?
Se dormes,
alheio, a tudo que me toca?
As lembranças dos teus beijos,
das carícias mais audaciosas...
Ah! injusta solidão,
deixe-me, vá embora...
Lá fora chove e sinto tua falta.
Tanta fome, tanta sede,
e um querer, que me sufoca...
O que fazer,
se não me sentes?
Dormes...
E eu aqui ouço,
a chuva cair lá fora.
Meu corpo arrepia e te quero,
senhor desta minha aflição.
Quero teu cheiro,
teu gosto, teu jeito...
Teu olhar de menino,
a me dominar, sem porque.
Dormes, e não me sentes.
Se não sabes mais,
deste meu avesso,
vem, me recolhe,
que esta chuva fria,
me encolhe, me molha...
Me toma, me chama,
ouça este apelo.
Sou eu, lembra?
A mulher que te ama..
Ama, como sempre amou..
Nada mudou.
Nada, nada mudou...
Vem, que meu corpo te chama,
que meus lábios te esperam,
que meus olhos molhados,
tudo a ti,
já disseram neste longo silêncio,
repetindo insistentes :
Vem meu amor, que eu te espero,
tanto quanto, te quero ,
sempre...