Culpa e demência
Se não me queres mais, oh, Amor,
Por que n'alma me entranhas
Trazendo-me essa imensa dor?
Por que, Amor, tantas artimanhas?
Por que não te arranco do peito
Se fazes sangrar meu coração?
Por que, Amor, se não há mais jeito
Insistes em bagunçar minha razão?
Acordaste tarde! - Dizes-me sem rodeios
E eu, ante a resposta, silencio
Recolho-me na mágoa sem freios.
A angústia provoca gélido arrepio
E a culpa percorre a consciência
Deixando-a à beira da demência.
Cicero - 19-01-20