Nuvem de lágrimas
No alto da montanha aparece
Uma coisa estranha
Os rochedos a contornar
Chapadeiro no seco agreste
Contra a poluição a lutar.
Abelhas mortas por todo o lugar
Centelhas ou chamas a avançar
Ao queimar os cedros
Deixa cego bem-te-vi e sabiá.
A juriti já não pode mais voar
Nem fazer festa no lugar,
Seu canto não é alegre nem triste,
Pois ali já não inexiste
A ararinha que se foi pra não voltar.
Afetado pela química o pássaro
Já não pode mais cantar
Não há mais noite de luar
Não dá nem pra sonhar
No agreste é dor, é só penar.
O canto é a tristeza do Jeca
Mas o inhambu não está lá.
Flores que aliviam sofrer,
No pomar a queimar, ave das aves
O beija-flor matar para sobreviver.