QUASE PERFEITO, CHEIO DE SAUDADE (para Cecília Maria De Luca)

Essa mulher estranha e bela

tem suas pétalas

a margear o malmequer,

parece querer, perece o ser, floresce.

Para protegê-la ergui muros altos

e nos cerquei de bem-me-quer;

quem passa na frente do jardim

nos vê de fora como quer ver

onde somos estranhos e belos

ninguém alcança nos maldizer.

Eu sei que todos desconfiam sem saber,

fomos, somos, éramos.

Aquela fenda no tempo continua aberta

e nela florimos

colorindo a varanda amparada na encosta das eras.

Onde antes éramos eternos

outra primavera nos mostra

o encanto de sermos breves;

o perfume etéreo do jasmim

corteja translúcida margarida.

Nossos dias são ninhos cercados por espinhos

mas eu teci bordado na passagem das horas

com as marcas mais profundas que é meu canto.

Com jeitinho de quero-quero emplumado no ninho

eu venho dizer que te amo e saudar sua felicidade!

Que seus dias sejam como os meus,

quase perfeitos, cheios de saudade.

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 21/09/2019
Código do texto: T6750203
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