Tristeza absoluta
Ergui à minha volta, uma redoma,
intransponível,
sem frestas, sem janelas, sem portas,
inóspita,
uma prisão sem rotas de fuga,
sem claridade,
tomada pela escuridão doentia
da tristeza absoluta.
Quem sou eu?
Deixei de reconhecer-me quando fiquei só,
quando olhei ao lado
e vislumbrei o vazio dos meus olhos
na tristeza da alma
e no sangrar do coração ferido
pela navalha da morte.
Cansei de chorar por um milagre,
a fé ficou comprometida desde então,
já não sei se acredito,
não busco mais,
a palavra ainda me consola
porque apesar do tempo,
tudo em mim poderá a qualquer momento enlouquecer.