Dança de Fogo e Ar
Tu ainda é meu referencial
Estático, finito e brutal
Do que um dia foi amar.
E às vezes ainda penso
Que talvez, e só talvez,
No 77° dia da criação,
Na 11° dimensão,
Ao soar da mais intrínseca vibração,
Você existisse e também eu,
Teu olhar bobo e impreciso
Encontrasse o meu,
Seu insensível coração
Ardesse pelo meu,
Tua alma fosse minha
Assim como na atual dimensão banal
Minha essência e anseio já foram teus.
E talvez, só talvez, as constelações
De Gêmeos e Leão se beijassem,
Fogo e Ar uma só carne se tornassem,
Inferno e céus passassem.
Talvez, assim, e só assim
Meu amor por ti —
Ó Mortífera angelical,
Escarlate face do meu mal —
Em felicidade nua se concretizasse.