JOÃOZINHO CATINGA
lá vinha Joãozinho,
na cabeça um pano de prato amarrado
como um pirata do Caribe,
e a cabeleira cheia de Deltacid para matar piolho;
com os lábio todo roxo,
para matar a “boqueira” nos cantos da boca;
a remela comendo solto
nos olhos grudados de conjuntivite;
o nariz escorria um catarro amarelo
que se misturava com as lágrimas dos olhos ardidos
tanto pela “dor d’ólho” como pelo cheiro do veneno para matar piolho
caindo pela boca toda vez que falava;
na boca um par de dentes pretos
comidos pela cárie;
a orelha vermelha, de tanto puxão;
a barriga grande, de tantas lombrigas
e pelado, com o pintinho balançando;
a perna toda esfolada de arranhões;
e os vãos dos dedos dos pés recheados de freiras.
lá vem Joãozinho...
hoje
parece um doutor,
roupa engomada e cabelos” abrilhantinados”,
estudou e virou gente
mas o apelido não o abandonado pelos caminhos aonde encontra conhecidos:
lá vai Joãozinho Catinga!