JOÃOZINHO CATINGA

lá vinha Joãozinho,

na cabeça um pano de prato amarrado

como um pirata do Caribe,

e a cabeleira cheia de Deltacid para matar piolho;

com os lábio todo roxo,

para matar a “boqueira” nos cantos da boca;

a remela comendo solto

nos olhos grudados de conjuntivite;

o nariz escorria um catarro amarelo

que se misturava com as lágrimas dos olhos ardidos

tanto pela “dor d’ólho” como pelo cheiro do veneno para matar piolho

caindo pela boca toda vez que falava;

na boca um par de dentes pretos

comidos pela cárie;

a orelha vermelha, de tanto puxão;

a barriga grande, de tantas lombrigas

e pelado, com o pintinho balançando;

a perna toda esfolada de arranhões;

e os vãos dos dedos dos pés recheados de freiras.

lá vem Joãozinho...

hoje

parece um doutor,

roupa engomada e cabelos” abrilhantinados”,

estudou e virou gente

mas o apelido não o abandonado pelos caminhos aonde encontra conhecidos:

lá vai Joãozinho Catinga!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 01/08/2019
Código do texto: T6709748
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