Afrodite
Tu és minha insônia
São meia noite e vinte e dois
Tudo aqui em cerimônia
O antes, o agora e o depois
Teu título ao avesso
Signo angelical
Significado desconheço
Símbolo artesanal
Caneta e pincel
Guardai-me em você
Arranjo e papel
Tento lhe descrever
Tua estrutura estilística
Corpo e alma tu és Arte
Moldura artística
Rosto e calma estandarte
Dualidade barroca
Traços do romantismo
Verdade em louça
Laços do abismo
És a poesia personificada
Pintura abstrata
És magia entalhada
Ruptura marcada
Como podes ter tal efeito
Causa-me diáspora do ser
Como foges do defeito
Seja-te anáfora em meu viver
Números são ironia
Quando somos infinito
Ideologia que denuncia
Anuncia conflito
Nossa conversa
Dança de almas
Flutua e atravessa
Como água em algas
O mundo não mais gira
E o cosmos somos nós
Tua essência me inspira
Meu ouvido procura tua voz
Teu jeito combina com o meu
Completa meu raciocínio
Me ajeito no molde seu
Da razão perco o domínio
Me empresta sua áurea fina
Ou sua sombra clara
Deixa eu ver de cima
Ou afogar-me em água rasa
Tu és texto revisado
Lhe leio e interpreto
Tu és soneto recitado
Lhe anseio e venero
Me empresta tua guerra e paz
Tua brisa e chamas
Me arrebata da terra e traz
Assina e emanas
Nuvem
Guarda-me gota em ti
E se te for demasiada
Solta-me chuva