Amor Esquisito
Classificar este sentimento
Ah, não! Não é possível
Arrepio que percorre na espinha
Pensamento que não morre
O tudo e o todo, plenamente
Nada mais preenche a vida
Este rir e chorar juntos
Orvalho da nossa madrugada
Sol radiante destes dias, meses
Impulso vital a nos unir
Atravessando a matéria
Embarca no espírito e desaparece
Somos Orfeu e Eurídice
Não olhamos pra trás, jamais
Druidas em nossas magias
A tecer planos mirabolantes
Nos caldeirões dos cabos virtuais
Cordões de bonecos marionetes
Movidos pelo coração, sem razão
Restamos agora, atados e mudos
De espanto... incapazes de entender
Grudados nesta teia estranha
Tentando com uma vara de condão
E toda ardidez e tentativa
É vã, diante de tamanha constatação
E antes que os sonhos virem cinza
O que este amor esquisito precisa
É de tornar os corpos: canibais
Não só em verbos, substantivos, sonhos
Mas além da margem e do papel!
Vera Sarres 25/09/2007 – 16:20