Um poema sem poeta
Tuas raízes mais profundas,
não passaram de leves galhos secos,
quebrados e jogados ao vento alheio,
forte e medroso,
sem, de nosso amor, cheio,
o vazio da luz do breu, da noite sem luar.
Em tuas vis promessas estavam minhas lágrimas caladas
contemplando inertes madrugadas,
tristes como um desesperançoso tempo.
Teu sonho tinha a consciência do impossível,
meus olhos souberam disso
porque atravessavam o cio de tua alma.
O verbo do meu coração bate apressado
contando o tempo que me é faltado,
se para viver, ou se para morrer.
Tudo passa. A vida, esse moto contínuo,
esvai-se nas entranhas do tempo,
esse leve, mas perigoso veneno de quem ama.
Há uma chama no luar
ao lado da lua,
no meio da rua,
em todo e qualquer pranto
que chorarmos juntos.
Anuncio a chegada do vento,
acolho um novo tempo,
mas envelheço
Me entristeço:
Isso é a vida sem sonhos maiores,
os horrores da pressa,
a invenção da reinvenção da festa,
na vida,
na rua,
na briga,
no amor,
na praça!
Que uma ventania também leve este poema sem poeta...
Poema inédito (06/07/2019 )
Paulino Vergetti