Mulher Camomila

Roda a saia de azul, faz dela hortelã.
Toca as mãos no rosto
como se fosse uma santa - brando-jasmim.

E digo: faz a roda Camomila,
a roda das crianças.
Morango silvestre, com blusa
de cheiro velho, de empório.
Mas faz a roda e moldeia Camomila,
enquanto resta tempo pra chegar.
Sai do pomar e carrega maçãs
entre as pernas e especiarias nos lábios.

Agora sou da cor de laranja-lima.
Faz tempo, Camomila,
faz tempo que tudo era roda de criança.
Rodeia Camomila, pois o tempo agora me bate
e daquela nossa época
sobrou uma garrafa pura de aguardente,
e uma lasca doída na carne...

Quando ela sumiu pela porta, vento afora,
e nunca mais voltou eu apenas disse:
"morri também e meus pecados lá se foram
com a doce e meiga Camomila !"
José Kappel
Enviado por José Kappel em 16/06/2019
Reeditado em 16/06/2019
Código do texto: T6674440
Classificação de conteúdo: seguro