Da janela do meu quarto
A janela deixa-se invadir pelo casario e ruas arborizadas. Na sombra das nuvens, a manhã acordou-me, cinzenta, na minha frente.
Não se nota que é Primavera, mas ela chegou no calendário. Hoje é domingo, e a meteorologia promete chuva.
Queria sair. Sair de casa. Mas estás longe e não há como ir ao teu encontro.
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O meu apartamento fica num andar alto. Visto a partir desta perspectiva, o casario tem a sua beleza. Primeiro, os telhados vermelhos das vivendas do bairro antigo a demarcarem a rua alcatroada. Atrás, os prédios altos na sua monotonia acinzentada; atrás destes, os prédios vermelhos. Um pouco mais ao fundo, uma paleta de amarelos. De onde em onde, sobressaem as copas das árvores. Algumas já renovaram a folhagem que fresca e transparente se baloiça ao ritmo da aragem.
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Ainda é cedo, mas os carros começam a invadir o espaço com os seus ruídos monocórdicos.
Acho que são horas do meu chá matinal. Talvez a seguir regresse um pouco de sono.
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© Myriam Jubilot de Carvalho
6 de Abril de 2019
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