A TEMPESTADE E A BONANÇA
Quando eu não volto
o mundo se faz estranho
sigo em frente, mas à deriva
do passar de muitos anos.
No mar de gente viva
as ondas me vão afundando,
galgando de ilha em ilha
vão se esvaindo meus desenganos
desfazendo-se a cortesia...
Marinheiro suburbano
rosto cravado de fadiga
olhos cheios e sonâmbulos,
corpo vazio de utopia,
sorriso murcho de desencanto.
De noite: são as vigílias,
de dia: o pranto cotidiano
do estampido das buzinas
ao estardalhaço do trânsito,
multidões nas esquinas:
A estibordo pessoas fumando,
a bombordo mulheres suicidas,
a popa crianças chorando,
a proa ausência de perspectivas;
uma maré de saudade afogando:
o que resta de sonho e alegria
flutuam nos destroços dos nossos planos.
Avistam-se bandeiras de hipocrisias
piratas sedentos nos atacando
neoliberais e porcos nazistas
em ódio vivo eles vem surfando,
proliferando pós modernistas
que burrice: vão se neutralizando!
Tomam o mar as massas mistas
De crentes fascistas que adorando
Juntam as mãos fazendo arminha
Metralhando cada pobre ser humano
de sua crença no deus da tirania.
Eu vejo a tempestade se aproximando
penso: que se dane a chuva, a ventania
prorrompam os céus se acabando
que há de vir a calmaria
porque eu estou voltando
pra te dizer minha doce amiga
é só você meu oceano!