Bela, mais que linda
A cebola dos teus olhos sangrou o teu pavor
A areia de teu ventre inundou o meu aquário
O deserto de teu sonho me acolheu em teu amor
Tens cabelos, em abismo, são estrelas e rosário
A maçã do peito teu é azul da cor do sonho
Os teus pés de avenida atropelam meu despeito
Tua pele de urtiga me instiga, e me disponho
O meu templo sem imagem te pintou o teu respeito
Ó vida plena de espelhos, é teu o meu reflexo
Ó morte plena de segredos, é teu o meu porvir
Ó alma plena de mistérios, meu côncavo é teu convexo
Espero teus peixes, tuas bocas e portão
Estou fechado e seco, sem dentes, ilusão
Abre-te, rede imensa, me segures se eu cair