Ô Maria
O que me angustia agora eu sei
Dorme em meu peito amor
Perfeito o qual eu nunca provei.
Recuso-me revelar quem...
Na sensualidade da flora vultosa,
Pura onde nasce à fria flor...
Sem a promessa do amor carnal.
Hora ou outra pulsa o sangue,
Mas não dilata o vaso, olha moça,
Que arraso! O corpo não se agita.
E das altas hastes da dama-da-noite,
Abastadas de resinas aromais
Dos saguins sinto o coito
E das serpentes o forte amor.
Sou, entre muitos, amante de Maria,
Escravo também talvez seria
Se o cravo nao abraçasse a rosa
E Maria me deste o beijo do alvorecer.
Vais dispensar ou vais aceitar agora?
No complacente olhar dos cães
Amor aprendi para acariciar-te
Todo dia no despertar da grande aurora.
E ouças ainda o que tenho a dizer Maria...
Vivo nessa imensa cordilheira
No castanho poente das tardes
Cantando em viva voz tua melancolia.