PODIA
PODIA…
Amar-te devagar…
Unir as margens de um rio
Elevar os braços ao céu
Sussurrar nos teus ouvidos…
Divagar…
Podia encantar-te com palavras mágicas
Adornar os teu olhos com falsidades
Semeá-las no alcatrão da estrada
E morrer…
Podia silenciar a minha alma…
Fazer amor contigo…
Afagar teus brancos cabelos…
Perfumar as raízes do teu coração…
Podia ignorar a indecência…
Esquecer a infidelidade
Arquitetar a paixão
Aprender a perdoar
Podia reaprender a amar!
E…morrer
Podia verter o silêncio no chão
Deixar cair uma lágrima de amor
Abstrair-me da decepção
Podia fechar-me num casulo de borboletas
Renascer num útero de esquecimento…
E morrer
Deixar cozer o amor em fogo lento…
Morrer no tédio de um abraço
Desenhar sorrisos na brisa
Podia ser uma louca poetisa
Ser sopro a sacudir as veias
Suspiro na garganta seca do desejo.
Sufocar nas duvidas…
Podia ser…
E morrer.
17/12/2016
Maria Tecina