Poeta sem musa
De repente
Estou só...
A vida secou,
A boca secou,
O beijo
Virou pó.
Não sinto a amada ausente
Eu finjo que sinto e ligo
Quase todos as noites o amor automático.
Sintomático, o coração pára!
Uma gota de suor cai do telhado
E volta a bater descompassado
Meu coração engessado.
Muitos na rua me perguntam
Se ainda escrevo...
Devo manter a escrita como fuga?
Se não há razões eu prefiro chutar as latas
Que antigos namorados depositaram nas calçadas
E ouvir velhas canções de amor usadas
Nas tempestades das paixões antigas.
O amor eu deixo que outra pessoa encontre,
De mim se foram todos os motivos,
Enquanto a noiva se despede de seu sonho
A noite se faz minha amiga...
De repente amor secou em meus lábios,
Já não canto mais como antigamente
E nem sonho com paixões douradas.
Se o que sobra é nada
De repente adormeço
Entre o meio dia e a madrugada.