Poeta sem musa

De repente

Estou só...

A vida secou,

A boca secou,

O beijo

Virou pó.

Não sinto a amada ausente

Eu finjo que sinto e ligo

Quase todos as noites o amor automático.

Sintomático, o coração pára!

Uma gota de suor cai do telhado

E volta a bater descompassado

Meu coração engessado.

Muitos na rua me perguntam

Se ainda escrevo...

Devo manter a escrita como fuga?

Se não há razões eu prefiro chutar as latas

Que antigos namorados depositaram nas calçadas

E ouvir velhas canções de amor usadas

Nas tempestades das paixões antigas.

O amor eu deixo que outra pessoa encontre,

De mim se foram todos os motivos,

Enquanto a noiva se despede de seu sonho

A noite se faz minha amiga...

De repente amor secou em meus lábios,

Já não canto mais como antigamente

E nem sonho com paixões douradas.

Se o que sobra é nada

De repente adormeço

Entre o meio dia e a madrugada.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 27/01/2019
Código do texto: T6561011
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