ESFINGE DO AMOR
Quem é você?
De um amor platônico quase impossível
De uma dor abafada no escuro
De uma ideia presa na gaveta
Dentro de um coração calado e doente
Quem é você?
Que pisa com salto alto
Meu peito já tão dolorido de amar
Amar mais do que suporto
Amor assassinado antes de nascer
Antes de se libertar dos grilhões e das clausuras
Amor não correspondido
Escravo de um desejo castrado
Como um eunuco
Quem é você?
Tão frágil, tão forte, tão fértil, tão ficta
Que destrói impérios com seu sorriso
De criança vulcânica
Esfinge de beijos que nunca existiram
Catedral de pecados venais e capitais
Santa e Pecadora
Mulher e Criança
Anjo e Perdição
O começo do meu fim
Bálsamo de minhas feridas
E ferida do meu coração
Tão pisoteado por sua indiferença
Eu, poeta sensível e titânico,
Sofro a poesia do mundo inteiro
Como um condenado a prisão perpétua
Do seu espelho quebrado
Um amor que só foi meu
Nós, poetas, nos apaixonamos perdidamente
E morremos de amor a cada hora
Então, que cada morte de amor
Seja uma flor para você
Meu amor
Te amo calado e triste
como um poeta sem poesia...