Retirante

Sobre a aroeira a lua projetava seu brilho
Em equilíbrio dormiam as aves
Folhas volitavam no vento; o infinito era o fim,
Onde certamente a paz reinava.

Esperei por emoções nunca sentidas
Na calmaria assentei minha alma
Infinitas vidas vi no côncavo e no convexo
Com olhar digno das velhas utopias.

Ao voar o pintassilgo já era aurora
Meus olhos entre as frestas brilhavam
Enxergavam mil estatuas divinas
Criam na ilusão e na minha própria sina.

De asas aberta no ar parou o beija-flor
Depois de tentar cortar o vento
Perdeu-se nas asas do tempo incerto
Porém sem lástima, choro nem lamento.

A amargura que na face eu trazia
Soltou-se e fugiu de mim
Talvez, até quem sabe, o extremo,
A aurora do mundo um sonho sem fim.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 03/12/2018
Reeditado em 04/12/2018
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