SEMPRE

Sempre haverá mármore e pedras imensas,

continentes de argamassa e toneladas de aço,

sempre haverá, estendidas, mãos tensas,

sempre haverá, estendidos à mim, teus braços...

Sempre haverei de dar de mim o que dou com gosto,

sentimentos miúdos e cheios de ternura,

sempre haverei de moldar em nuvens teu belo rosto,

sempre haverei de por sol na noite mais escura...

Sempre haverá a espera que nos prende ao lugar,

as horas aflitas e a chuva que nunca chega a nós,

sempre haverá a caverna para o primeiro amar,

sempre haverá um pio n'alta árvore, doce voz...

Sempre haverei de dispersar meus medos até a dissolução,

jardineiro das matas do que penso, resolutos nós cegos,

sempre haverei de te dar de presente meu coração,

sempre te darei minhas mãos, mesmo que haja pregos...