Olhos de escudo
... eu abro, sim, que você em mim vive,
me doma, faz o que ninguém conseguiu;
me tomba, derruba, me faz presa e livre
por esse teu caminho que ninguém seguiu
nessa curva, no rastro que não perdi
farejando entre os diversos perfumes
que espargiu ao largo, pista que deu e segui
e fiz daquelas tuas sombras, outros lumes
sem cabresto, em liberdade, como agora
vivemos de sorrir em muitas paragens;
te vejo nos envolvimentos por aí afora
me vê, também, numas outras viagens
só barro, feito as tuas, sem nenhum cimento
sem alicerces, só alegoria ao movimento
de algum modo, há que se mentir ao mundo
- levá-los ao longe de quem somos -
para que possamos ficar no profundo
colados na parede louca onde nos amamos
teu olho escuro de abismo é o meu desando
e os muros, escalamos sem que ninguém veja
loucos, - os bandidos da mão de mando -
os vadios que entram em qualquer peleja
somos dois multiplicados, parindo desatinos
um a um, fazendo farra, apenas humanos;
brincando nas linhas dos nossos destinos,
com olhos de escudo, sem desenganos.
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