Olhos negros

O grenado em teus olhos negros

Emaranha até os deuses celestes

Que clamam por tua pele negra

Por tua presença que se disparsa

Como correnteza em rio perene

Com a fluidez de um dia chuvoso

Num barco miúdo e consumido

Sob um céu cizento e umbroso

Tal qual chinfrim se faz o mundo

Sem luz e glória, quando te partes

Por aí, sem rumo e com estes olhos

Tão negros quanto a noite fulgaz

Febricitante tão quanto o sol ao céu:

Sombrios são os dias sem teu corpo.