Vida, boêmia
Não te esqueças, meu bem, dos poemas que eu te pintei,
de cada quadro que te escrevi
quando tudo o que eu tinha era meu mundo
no avesso que você deixou.
Que me vivas, amor.
Em cada noite em que me mato.
Em toda dose em que eu me afogo.
Em cada cigarro que eu trago.
Que eu, daqui, vou tentando te esquecer.
Escrevendo adeus em todo pedaço de papel machê.
Limpando choros e bebidas nos guardanapos da vida.
Os donos dos bares já me têm chamado pelo nome.
Tido como "o quase vivo", só um pobre homem
revivendo, todo segundo, o momento da tua ida.
Hoje, quando as portas dos bares se fecharem;
quando as bordas dos copos borrarem;
quando não houver mais vida ou motivo pra viver,
lembra-te que eu te amei. Bem mais que a mim.
Até o fim.