Poema 0509 - Caminhante do tempo
Meus pés... já não vejo meus pés,
andei lua, andei sol,
fui amor em outros tempos,
caminhei até onde suportei
fui amor, não percebi se fui amado,
então voltei e nasci...
Pisei em terra vermelha sem paixão,
molhei meus olhos de sal,
sorri antes e chorei depois da solidão,
era amor...
jamais fui amor de alguém que não eu,
fui, andei por ruas sem calçadas,
corpos sem corações... andei... andei...
Morri milhares de vezes e não a encontrei,
voltei todos os séculos,
nasci milhares de vezes e morri,
até que um dia o sol nasceu em mim,
voltei mais uma vez a vida,
caminhei devagar, agora mais lento,
o desanimo virou cansaço... morri.
Um dia a lua voltou ao céu e contou as estrelas,
milhares delas refletiam luz,
até que um raio furou terra adentro,
voltei entre milhares de amantes,
vi que meu corpo ainda era único, a mente forte...
mas o amor, onde está o amor prometido?
Li alguns escritos nas portas de um livro,
desenhei letras nos caminhos que voltei,
até que percebi olhos a minha volta,
fortes, brutos e suaves, é a paixão que avisou,
revi meus escritos, olhei todas as imagens,
conhecia a alma que rondava meu corpo,
era amor, simples amor, o meu amor.
Marquei encontro no décimo terceiro dia de sol,
voltei aos meus deuses e não implorei desta vez,
pedi para que a encontrasse, o amor,
a mulher que carrega pedaços do amor que a séculos perdi,
meus pés voltaram a caminhar, agora fortes,
sem peso, sem pressa, acordei no meu hoje,
quando notei seu corpo sua paixão já me esperava...
Suguei a alma da boca que beijei,
falei de amor depois de tocar seu corpo nu,
amei, amamos, voltei a ser sol entre a lua e a estrela,
aprendi a deixar a paixão queimar, o amor acalmar,
toquei com minhas mãos que há muito esperei,
toquei o amor com amor,
depois de tantos séculos volto a ser amante.
27/10/2005