AMARRAS
encontrou seu coração
preso ao sofrimento
tentou desvencilhar
as amarras
mas eram
muito resistentes
sentou-se
à beira de si mesma
e chorou
como criança sem mãe
e esse choro tão sentido
foi molhando
aquelas cordas
que vagarosamente
foram cedendo
rompendo
desvencilhando
aquele corpo rubro
que, ainda pulsante,
sentiu pela primeira vez
o gosto de ser livre
e poder amar novamente.