DIREÇÕES OPOSTAS

Tranquei a porta e fui dormir;

escutei um barulho, era o amor a fugir...

Te olhei na cama, dormia feito um anjo,

escalei a loucura, busquei o espanto,

havia aquela solidão que abastece os tristes,

aquele vazio de abismo que aos sós resiste,

procurei os pergaminhos dos antigos caminhos,

as secas videiras me afastaram do doce vinho,

te olhei como o pássaro diante de si a seca vê,

era assim o fim do amor, assim como o fim se vê?,

esperei a manhã chegar, o café ser servido,

engoli a tristeza, te vi por detrás do vidro

de geleia, o cavalo do desejo em teu olhar,

te dei o sorriso mais bonito que pude forjar,

lá fora era o sol a principal testemunha do ato

que estava para acontecer sem nenhum recato,

disse a ela que era um desconhecido agora,

ela chorava como a mãe que ao filho implora

para que não vá à guerra dos homens malditos,

olhou-me, sincera, deu-me de presente um grito,

saiu do carro e correndo voltou na contramão,

segui o meu caminho em outra direção...