O MENINO QUE VOCÊ NÃO AMOU

eu era seu cão fiel,

mas você me prendeu na coleira;

eu era seu gato lindo,

e por ser lindo,

você me trancou em casa;

eu era o pássaro

que cantava só para você,

mas você me colocou em uma gaiola;

eu era seu pôr de sol colorido,

então, você me tingiu de noite sem luar;

eu era seu livro predileto,

mas você me escondeu na estante;

eu era seu companheiro de caminhadas,

mas você me trancou no quarto;

eu era o puro sorriso de alegria,

mas você se alegrava com meu pranto;

eu era o pai de suas boas ideias

mas você praticou alienação parental sem dó;

eu era seu amigo, por dias e dias,

mas você me viu como inimigo em noites a fio;

eu era as carícias suaves ao vento,

mas você soprava palavras como pedras;

eu era o seu céu noites adentro,

mas você fazia dos meus dias um inferno;

eu era o tudo que você tinha,

diante do nada que você sempre buscava;

eu era o seu porto seguro

mas você preferia mares agitados e tempestades;

eu era o calor que aquecia seu corpo,

mas você me congelava até a alma;

eu era a calma nos dias ruins,

mas você fazia tempestade em copos d’água;

eu era o bálsamo que curava as chagas

mas você era a faca afiada na ferida aberta;

eu almejava para você sempre o ponto mais alto

e você só me conduzia ao abismo;

eu sempre chegava sorrindo

e você me fazia chorar na despedida;

eu era o campo ao ar livre

mas você morava em uma cela sem portas nem janelas;

eu era,

eu fui

e ainda sou;

e você nem ao menos me conheceu:

adeus!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 06/06/2018
Código do texto: T6356942
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