Revolucionário

No mercador “Negro”

Não de cor, mas de pavor

No consumidor amargor

Na mãe desesperança

Na rua um grito de criança

Palavras lançadas ao vento

Semelhantes a granadas

Batem, machucam, ferem

E oprimem a massa

Pequeno tem se tornado o homem

Estranho a si e ao outro

Tem se comportado semelhante a gafanhoto

Cedendo a si mesmo pelo estorvo

Nada de ulterior

A sensação é de repetição

A dor continua no peito

E o ódio no coração

São tempos de guerra

Anunciaram

Mas, contra quem?

Não tiveram a ousadia de lhe retrucarem

Saber que muitos andam tão desacreditados

Desacreditar-se é a pior das descrenças

Porque em um mundo de aparências

Perde-se na alma é perder sua essência

Difícil torna-se ser feliz

Quando a infelicidade é servida no café

Devorada no almoço

E apreciada no jantar

Mas, veja lá!

Embora nem sempre possamos contê-la

Não te faças sofrer

Porque teu caminho só quem trilha é você

Por mais difícil que possa parecer

Valerá a pena se suceder

Levantaram a bandeira de sangue

Mas, sangrando perderam o fluido

E, num descuido,

Acabaram voltando e,

Amor é “coisa de otário”

Dizem os infelizes

Mas, amar em tempos como esses

é um verdadeiro ato revolucionário

Deixem que apontem as armas

Na armação da fragilidade

Se encontra a infantilidade

De quem “Por birra” não largou de ser criança

E ainda acredita, como na infância

Que o grito a razão vai abafar

Pobre daquele que insiste na raiva

E, de graça, é quebrado

Não com um punhado

Mas, com um abraço bem dado

Nesses tempos de ódio é bom andar armado

Eles disseram

Porque nunca sentiram-se amados

E nunca foram de perceber que, para esse mundo de tristes finais

Só o amor é capaz de dar-nos os verdadeiros golpes fatais

Um Papagaio Chato
Enviado por Um Papagaio Chato em 29/05/2018
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