FANTASMAS AO AMANHECER

Estou só

e lá fora ainda chove,

e dentro de mim, fantasmas se movem,

ocupando vazios deixados pelo tempo que se foi.

Lembranças adormecidas despertam

e dores antigas voltam a doer,

a brisa da saudade

espalha um cheiro de mofo

que contamina a penumbra do recinto

e o que eu sinto

é uma vontade de voltar,

de voltar pra casa

dos meus dias de menino,

da minha mãe na cozinha

e do meu pai voltando do serviço

e eu sem compromisso

lendo e relendo gibis antigos,

o futuro era só um dia

que viria

nos acordar na manhã seguinte

e a maior preocupação

era com a lição de casa para entregar

ou uma pesquisa qualquer

sobre qualquer coisa.

De repente,

o relógio bate um sinal

ponho os fantasmas a ninarem

e vou trabalhar:

porque a vida,

bem, a vida continua!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 22/05/2018
Código do texto: T6343572
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