MEUS FADOS DE ALGODÃO
Quiseram saber da paixão
onde ela guardava seus segredos
em qual baú escondia seus mantras submersos,
em qual gaveta fazia repousar o que nunca fez acordar.
Foram revirar seus sonhos,
sacudir seus pingentes,
escancarar seus ninhos mais imberbes,
tudo em vão.
A paixão, dona de tudo,
guardava seus versos trancafiados desde sempre,
como réus infinitos que nunca veriam a luz,
nem nunca louvariam uma gota de água que fosse.
Então os homens entenderam que dela nada ecoaria,
que dela nada se deixariam voar,
nada se deixaria morrer.
Paixão sabe que seus quebrantos nem Deus acolhe,
sabe que ninguém destrava seus foliões,
sabe que ninguém acolhe seus estopins,
ninguém esgana seus párocos de tenor,
ninguém solfeja seus fados da algodão.
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