PELO GOSTOSO TÔ AQUI
Vou falar de amores outros
distantes daqueles que você dá abrigo
dá perdão.
Aqueles amores sem recheio, sem rima,
sem bengala pra apoiar.
Amores multicheirosos, plenos de vãos,
inundados de unguentos estranhos.
Amores arredios, meio capachos,
um tanto aciganados por certo.
Daqueles que vêm dos cachos da noite,
dos tombos encardidos do medo,
das ancas aglutinadas da fé.
Amores sem gosma, sem fardo,
sem fato.
Meus amores que trago engalfinhados
nas querelas do quero-mais,
nos pedaços soltos da minha cabeça maluca.
Amores acobertados pela volta, pelo aflito
adeus, pelo gostoso tô aqui.
Amores de amora,que trago nos suor
meticuloso deste samurai sem casca,
sem ferrolho, sem desmandos.
Amores dissecados pelos pesares soturnos
de uma querela vã,
assoberbada nas crostas atarracadas
de Deus.
Meus amores de folião farsante,
esquecido na beira da minha morte,
no galope endiabrado que tento entender,
talvez traduzir.
São estes amores que sobreviverão às
catacumbas dos meus guizos bêbados,
como vértebras ninfetas esperando
seu berro alforriado, que nunca virá.
Quem venham todos meus amores,
até aqueles que pouco entendem do gosto puído
da dor.
Até aqueles que, desarmados, levarei como bojo querido
até meus dias se chegarem fartos de toda esta folia.
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