NÁDIA
Eu gosto de você
Com uma paixão
Cheia de calafrios
E mistérios no estômago
Gosto da tua pele
Moreno-claro
Negra
Dos cabelos
De rio Guamá,
Do jeito que te vestes
Desinteressadamente
Interessante,
O brilho nos olhos
Quando falas,
a voz de café novo,
Teu sorriso
Calando palavras
A devoção dessa beleza
Crua feita de toques,
As curvas bem feitas
Do teu corpo,
Teu seio, tua coxa,
Teu perfil completo
Dissertando o não sei,
A Forma madura
Que repousas o violão
Conferindo as notas
O encanto raro que emanas,
Da tez de teus lábios
De borboleta
Quando meu rosto toca em cortesia,
Gosto de você
A ponto de temer
Teu abraço,
De me esconder
Dos teus olhos,
Porque Além de bela
Tens o poder
De conferir magia
Nas coisas que faz,
nos cálculos óbvios,
Na política caótica,
No baile circense,
Na poesia cantada,
No teatro improvisado
Nos contos e casos
Gosto tanto de você
E lhe desejo
De homem pra mulher
Que engulo as vírgulas
Do texto
Ignoro maiúsculo
E minúsculo
Me escondo na poesia
E no copo de cerveja,
Ao teu redor as pessoas perfeitas
E singulares,
Todos artistas,
Matemáticos,
Filósofos,
Me é impossível pensar
Que só me olhará
Se supera-los
Timidamente
Participo do teu mundo
Agraciado e devorado
Por essa atração
Humano profana
De te beijar,
Te abraçar
Sonhar com tua cama
Acordar
Na alvorada
Dos teus braços,
Gosto de ti
Do teu nome
Nos livros de Dostoiévski
E Boris Pasternak,
Do modo
Que Balzac te retratou
Mulher humana
Que sente, pensa,
Vê, age...
Não entendo
Os porquês
Deste gostar
Dessa febre
De te pensar
Do medo
De profanar
A honra conferida
De ser parte
Do teu seleto circulo
De te falar essa imagem nua
E me rejeitando
Perder tudo
Que me é caro,
Ou me aceitando
Não fazer juz
A tanto querer,
Gosto tanto de você
Que escrever
Já não basta
Quero que saibas,
suspeite,
Tenha ideia
Do infinito
Que te compartilho
Ainda que não chegues
Ao final desta confissão,
Ainda que lendo
Ignores