Afoito

Chega um dia em que o homem
Nada mais sente...
A vida já não importa
Espaço aberto ou fechado tanto faz,
Atem-se no seu eu.
A vida não se ajusta ao seu anseio...
Tudo é muito desigual

O filho não vale um zero a esquerda
Abaixa a cabeça, entra e sai
Da condução e ignora todo mundo
Empurra o idoso, as grávidas.
E nega ao cego a mão ...

Nega a palavra, o essencial para começar o dia:
- Bom dia! - Assim mesmo com alegria
e entusiasmo de um ser vivente -
Cuja emoção sente a felicidade no seu tempo.

Não afaga, mas reinvindica...
Diante do estado de sofreguidão.
O colo materno não mais o atrai
Porque a natureza apresenta deformações
O canto não mais interessa
Porque chega um dia em que o homem
Nada mais sente...
Estou preso a essa corrente
Cujo elo dificilmente irá se desatar.