Éramos um só
Éramos um só
Eu ela um vestido e um palito
Éramos um só
Como poeira e pó
Éramos um só
Branca branca, branca
E eu pretinho
Tipo café com leite
Mas gostosos juntinhos
Cachos moita caracol
Amarelo seu cabelo
Cabelo se sol
Tipo vovô e vovó
Éramos um só
Mãos dadas não
Corações dados
Sonhos enlinhados
Enganchados amarrados
Tipo um cocó
Éramos um só
Ela com o olhão
Eu com meu olhinho
Gosto muito de você leãozinho
Sorriamos juntinhos
Tempo bom tempo bom
Parecia perfeito, parecia eterno
Rasgou _ se o vestido amassou o terno
Verão não é inverno e poeira não é pó
Infelizmente não somos um só
O calor da prancha
Esticou o seu cabelo de sol
Destruiu os sonhos presos no caracol
E o que era dois se torno um só
Mas um para cada lado
Tipo feijão com arroz
Mas cada um no seu prato separados
Quando éramos um só sorrisos
Hoje sendo dois choro e lamento
Quando éramos um só vivíamos
Hoje nem tão pouco aguento
Passista sem carnaval
Maldito plural veio nos separar
Plural dos infernos traz meu singular
Junta nós novo e separa esse povo
Que quer separar
E povo noto esse nada a ver
De um eu sem você
De um você de um você sem eu
Num amor que não morreu
Nem ninguém matou
Apenas grudou de olhos vendados
E ouvidos amarrados
Para não ouvir a canção
Mais o amor é tão forte
Que o peito embarga
E o coração enfarta só de solidão
Pois o amor não é paixão
Que agente empata
E se não morre mata, mata o coração
Ela até mentiu que arranjou outro alguém
E ele em mil bocas não achou ninguém
Começou a beber começou a fumar
Num canto sozinho veio a se isolar
Só por não ter ela
Não podia ver novela que chorava
Sensível ele estava sempre só num canto
O homem sorriso virou homem pranto
E ela também gosta do tal sofredor
Mais a tal vitória nunca conquistou
Ela chora sozinha para ninguém nota-la
Mais amar como o homem pranto a amou
Ninguém vai amá-la
Parou de estudar
Deixou as amizades
Parou de dançar
Perdida em mentiras
Que parecem ser verdades
São difícil de aceitar
E sabe aquela mulher
Do cabelo liso e magrinha
Embora não pareça
É a tal lesãozinha
De olhar triste e profundo
Que mesma acabada
É a mais linda do mundo
E sabe aquele cara sem vaidades
Pulando do prédio
É o tal homem pranto
Que encontrou a morte
Como tal remédio
Rápido e preciso
Para acabar com
O homem pranto
E o homem sorriso
E ao reconhecer o corpo no chão
A mulher leoa lembrou do passado
Da felicidade vivida ao seu lado
Do tempo que fora ela havia jogado
Ficou transtornada
Tirou sua vida matou-se enforcada
E lá da sacada uma voz ecoou
É não ouve outro jeito ela se matou
Matou de que?
Matou de amor
Morreu por quem?
Morreu por amar
O amor é algo vasto como a canção
E amor não é paixão que agente empata
E se não morre mata
Mata o coração
Tony Aldair P. Silva