ando pelas ruas molhadas

ando pelas ruas molhadas

sob a noite fria.

a cada passo o peso

das histórias mal resolvidas

e dos sonhos deixados para trás.

o toque da noite é frio,

futuro mutilado, metades perdidas

que eu arrasto pelas ruas.

ausência de cores, sonhos impossíveis,

um sorriso forjado no rosto.

contagem lenta e regressiva

dos dias, fome infinita do destino.

no túnel escuro das madrugadas

as mãos geladas nos bolsos furados,

contemplo sombras que gemem,

ouço os lamentos do vazio,

o amor em lençois encardidos.

os loucos não mentem.

Poema do livro Diários do Desassossego

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