LUTA COTIDIANA

Em minha luta cotidiana,

não pude parar para ver

os embriões das sementes

que germinavam centelhas de vidas;

os campos verdes, com cheiro de mato,

as árvores floridas, com roupagens de primavera,

nem para ver a transformação dos frutos secos,

em nova fase de reprodução,

porque a corrida louca do tempo

me impedia de parar para ver as mutações da Natureza !

Em minha luta cotidiana,

não tive tempo para dormir direito,

para sonhar bonito,

para desfrutar da paz,

tão presente nos dicionários

e tão difícil de ser alcançada,

nem para viver a vida plenamente !

Em minha luta cotidiana,

a corrida alucinada do tempo

me impediu de apreciar

a beleza dos mares, dos astros, do solo,

da música, a grandeza dos Templos,

a grandeza da vida, a grandeza do amor ...

E, nessa mesma luta cotidiana,

eu levava a vida a correr,

correr, correr, correr, correr;

e escrava do tempo, eu não tive tempo

de encontrar mais tempo para te esquecer !

Maria Nascimento Santos Carvalho

Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 29/07/2007
Código do texto: T584382