LUTA COTIDIANA
Em minha luta cotidiana,
não pude parar para ver
os embriões das sementes
que germinavam centelhas de vidas;
os campos verdes, com cheiro de mato,
as árvores floridas, com roupagens de primavera,
nem para ver a transformação dos frutos secos,
em nova fase de reprodução,
porque a corrida louca do tempo
me impedia de parar para ver as mutações da Natureza !
Em minha luta cotidiana,
não tive tempo para dormir direito,
para sonhar bonito,
para desfrutar da paz,
tão presente nos dicionários
e tão difícil de ser alcançada,
nem para viver a vida plenamente !
Em minha luta cotidiana,
a corrida alucinada do tempo
me impediu de apreciar
a beleza dos mares, dos astros, do solo,
da música, a grandeza dos Templos,
a grandeza da vida, a grandeza do amor ...
E, nessa mesma luta cotidiana,
eu levava a vida a correr,
correr, correr, correr, correr;
e escrava do tempo, eu não tive tempo
de encontrar mais tempo para te esquecer !
Maria Nascimento Santos Carvalho