Um Barco no teu Porto
Se me tomas em teus braços, se me acolhes em teus beijos,
se me calas com teus olhos, se me fala com desejos,
trava o tempo no segundo, faz do sonho meu momento,
e devolves meu sorriso, que perdi no breve tempo.
Quando durmo nos teus olhos, quando sinto o teu perfume,
quando danças em meu corpo, sem recato, sem ciúme,
cai o véu do meu passado, redescobre a intimidade,
que deixei há tantos tempos, no refúgio da saudade.
Se me queres pecadora, se me fazes tua imagem,
se defloras meus calores, se me invades com coragem,
não há chão que não sustente, nem raiz que não segure,
o vulcão em que transforma-se, o desejo que nos une.
Quando deito em tua cama, sob um teto de luar,
quando ouço teus sussurros, que confundem-se aos do mar,
tudo mais perde o sentido, recupero o colorido,
na pintura que se torna, o amor por nós vivido.
Se me ouves no silêncio, se me sentes tão preciso,
se semeias em meu ventre, tantos grãos do teu sorriso,
meu desejo se completa, na candura do teu corpo,
e de ti faço a chegada, como um barco no teu porto.