Alma de Mar...

Meu...

Sem imagens, pela mente,

risco, com estas mãos dormentes,

este som que sai da alma....

Imagine-me assim...

Deste jeito, nestes toques,

constantes e ritmados,

como as ondas...

Indo e vindo,

sempre a esperar-te...

Tuas terras de hoje,

são distantes destas águas...

Mas, que este ruido harmonioso,

traga a paz necessária,

para que o tempo,

trilhe seus caminhos,

dando-te de presente,

a vida abençoada...

Mais uma vez,

o destino incumbiu-se,

de carregar-te,

dos meus teimosos braços,

que peregrinam neste Espaço,

cúmplices de uma espera infinita...

Não há sons de despedida...

E o que resta ao fim da noite,

são lembranças proíbidas...

Fecho os olhos, cerro os lábios,

e permito que este toque,

me reporte aos teus braços...

Na completa ingenuidade,

de achar-me só metade,

cujo lado complemento,

é o teu corpo ao meu colado.

Suspirando e calado...

Pensamentos se declaram,

me revelam frente a frente,

que preciso dos teus olhos,

que preciso dos teus dentes,

dos teus pelos, do teu gosto,

do teu peito sobreposto,

pressionando o meu cansado...

Da pegada na cintura,

nos quadris, em todas curvas...

Fecho os olhos, num falsete...

Disfaçando este desejo,

que entre pernas não esqueço...

Quando finjo que não vejo,

que não sinto, que não quero,

mas que tudo em ti venero,

na extensão de cada dia...

Quando durmo e és meu sonho,

e se acordo, és meu bom dia...

Olho a lua da janela,

e pergunto assim a ela:

-Lua, que punição injusta,

é esta que a minha vida é imposta?

Se o que quero, não se mostra,

se o que espero nunca chega,

se o que tenho é esta tristeza,

que se esconde em meus sorrisos,

nunca soltos.

Tão perdidos...

Sem respostas aparentes,

o silêncio faz luar,

e caminho devagar,

para a cama que me espera,

onde lá ao me deitar,

ouvindo, sons deste mar,

que profundo e insistente,

devagar vem me tomar,

me levar, e me lançar,

nos teus sonhos mais serenos,

até o dia clarear...

E o sol nos invadindo,

me mostrando sem sorrir,

que é minha hora de partir....

Um retorno temeroso,

inseguro e infeliz...

Pois deixei-te e ainda dormes,

e soltei teu corpo inerte,

como quem partiu com a morte,

e um aceno entre as luzes,

que anunciam a alvorada,

são a minha despedida,

pelos os anjos, coroada...

Tua...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
Código do texto: T58279