Erudita I
Tens imensos tesouros,
em teu retiro,
mas a imortalidade,
chama-me.
Devo atendê-la...
Porém,
percebo tua porta,
semi-aberta...
Um convite tácito,
ao inesperado, encontro...
Entro sorrateiramente,
e encosto a porta.
Povoando a sala,
fortes lembranças,
da nossa última,
noite de amor...
No corredor, deparo-me,
com uma foto tua,
atualizada,
ainda mais sorridente...
Tens um sorriso solto,
fácil e delicioso...
Prossigo,
passo a passo,
em tua direção.
Paro frente à porta.
Giro a maçaneta,
destravada...
Imensa, excitação!
Abro a porta,
lentamente.
A penumbra,
começa a dissipar-se,
dando lugar,
as fracas luzes,
que adentram,
pelas frestas da janela.
Meus olhos,
instintivamente,
repousam sobre o teu corpo,
que descansa, encolhido,
numa posição fetal...
Tombado. Desnudo.
Excitantemente,
desprotegido...
Nu,
em toda tua silhueta,
como se fosses talhado,
artesanalmente,
numa tarde mágica,
de libidinosa inspiração...
Fico descalça,
e caminho silenciosa,
ao encontro do teu leito.
Tua respiração,
é lenta e pausada...
Teus lábios entreabertos,
revelam toda a fragilidade,
que tua masculinidade,
esconde...
Paro de pé,
ao teu lado,
admirando teu corpo,
fatigado pela longa noite...
Tua pele,
exalando um aroma,
indecifrável, escraviza,
minhas narinas ofegantes...
Ergo o lençol branco,
caído, rente aos teus pés.
Cubro-te.
Como se desejasse,
que tal gesto,
não findasse, jamais.
Mantenho-me, assim,
estática.
Deito uma rosa,
no lado vazio da cama.
E solitária,
parto, sem ruídos...