Hora bandida natural do tempo
Hora bandida natural do tempo
Que comove o réles movimento
Que o corpo traça ao beijar
Tempo dissipado pelo vento
Crava feito cruz mais um lamento
Dos morros verdejantes ao luar
Mas se a tez continuar
Invento outro barco a navegar
Sobre as dunas dos lençois
Isentos do opulento cavalgar
tempo rei ininterrupto
Inverossímil ao instaurar
Caso se faça pouco a mim contigo
Apunhalar-te-ei no raio solar
Se por acaso findar as horas do dia
O queimarei feito desgraça
E a fumaça das horas virá
Tudo que o fizer desfaça
Sobre os dias o vão destilar
Mesmo em face do oneroso tempo
Junto as horas e o farto caminhar
Meu amor, enlaçarei o vento
Acinzentado desse lugar
Mendigo de tua grande fumaça
Instauro a cruz e basta
Deixe sangrar
Não importa o tempo ou a fumaça
Nem a teia infeliz da desgraça
Não importa as horas ou os mendigos
Nem a cruz ou o sangue inimigo
Importa somente em teu corpo sem hora
Eu finalmente no vasto ou no ventre
Tocar insolente teu corpo no ar