Ponto de ônibus
Chiado de chuva, frenagem... e o busão
eleva meus olhos de um ponto xis,
sereno, ordinário, cotidiano,
ao cerne desconhecido da confusão.
Eleva-os e leva-me através do vidro baço
sem dar sinal nem subir escadas,
pagar passagens, girar catracas;
convite direto a outro olhar que ali me espera
com a esperança de que aquele encontro de olhos era
o transporte definitivo de um coração
que até então só batia com a obrigação semanal
de quem acorda cedo todos os dias
para só trabalhar e agora voltaria,
findesemanamente, para o seu lar.