FUMAÇA

Sabe aquele copo à mesa cujo interior possui um líquido misterioso,

Que libera uma fumaça singela sem demonstrar se anuncia o fervente ou gelado,

Um copo à mesa esperando ser experimentado.

Estamos tão além de copos, aqui hão corpos,

Esfumaçando razões geladas e corações ferventes,

A primeira mostrando caminhos, a segunda se permitindo arriscar.

Querido, essa fumaça é o estado da alma,

Que vive uma eterna confusão,

Que queima na paixão e assopra o vento gelado de sua razão.

Essa fumaça que pouco sobe e desaparece ao vento,

Através de meus olhos demonstra as inconstâncias de um “eu”,

Que em seu braço anela repousar.

Sem direito a distrato, pois deseja conhecer uma cláusula irrevogável,

Sem vícios, arraigada no consentimento,

Para evitar novos constrangimentos, aquiescendo a necessidade de amar.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 27/06/2016
Código do texto: T5680523
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