ERA EU AQUELE BARCO
Era eu aquele barco que velejava ao anoitecer da tarde chuvosa,
O qual o vento lançara a sorte em direção a costeira de um mar revolto,
Açoitado pelos vendavais, com a casca ferida pelos atritos daquelas inconstâncias,
Destinado a naufragar antes de um novo dia nascer, e antes do mar acalmar.
Era eu aquele barco, que não tinha um farol para guiar,
Perdido nas fortes correntezas de um imenso mar,
Sentido a solidão tão de perto me acompanhar no deserto profundo,
Chuva fina e doce molhando por cima, e ondas salgadas querendo tragar.
Medos e medos, sonhos que perdiam o ar,
Submergindo em águas de superfície agitadas, e profundezas silenciosas,
No palco dos pensamentos, apenas sonhos frustrados,
A expectativa que terrível era o capítulo final.
Trovões gritavam no céu, clarões, barulhos e ventos,
Mas os ventos que levavam caminho a destruição resolveram mudar o seu norte,
A costeira a cada brisa forte se distanciava da vista,
Os primeiros pedaços de céu azul foram surgindo, e o coração se permitiu descansar.
A calma acalma, e sua mãe chamada calmaria abraçava,
Era um barco machucado que não afundou, e velejava agora sob a luz da lua,
Aquecido pelos bons ventos da esperança, velejando de braços aberto ao amor que encontrara,
Era eu aquele barco, que outrora perdido o caminho alcançou.