Eu muito lamento...
Eu muito lamento
Lamento muito a ventania, a porta agora pesada
Lamento a falta do concreto e a lama na cara
Lamento o afeto falido..o nunca dividido
Lamento por todo o demais..tão morto e jaz...
Lamento pela planta no papel..que voou ao leo
Ou vazou do bolso puído
Eu lamento por saber o sacrifício
A falta da meia volta..e o sentido oco do frio
A lágrima vertida na sala que por respeito..se cala...
Devo me lembrar de lamentar cada ano..
Um pé engessado..e o outro por dois
Pois a vida é lá..o tempo que ficou depois..
Lamento cada fibra de parcela na barganha do arroz...
E lamento o cerzido do roto tecido
Do pleno e total..conhecimento adquirido...
Foram longas madrugadas..de horas debruçada
Sem descanso das jornadas...
Então.. lamento e muito..e de nada..nada cansada...
Só lamentando e mais nada.
Dorothy Carvalho
Goiânia, Goiás