Dinamene

E ainda queres saber

o que há de errado comigo?

Quando séria eu digo “te amo”,

fazes pilhéria: “Não sabia...”

“Quero estar sempre contigo”!

“Aprecio a tua companhia...”

Sentes cócegas quando faço carinho,

se te abarco, zarpas sozinho!

Se te alcanço para dividir,

queres só competir por esporte,

cheio de regras de ouro, formal, distante,

quando quero o laço íntimo e forte

de amante.

Não vês que neste mar

onde teu coração singra

o meu sangra?

Adoro a meticulosidade apolínea

com que buscas os teus sonhos

e o equilíbrio com que me tens liberta,

mas, no amor, como disse o poeta,

queremos estar presos por vontade,

servir ao vencedor e ter lealdade

com quem nos mata em ideia

ainda que, como ele, o poeta,

me deixes morrer afogada

só para salvar uma epopeia.