Vento forte

Não há amor,

O vento está gelado. Frio

Como gota de orvalho

Nos primeiros soprares da brisa

de outono.

Frio como a úmida boca defunta

Que propicia a vazão dos pensamentos

E das saudades mais antigas...

Me poda a razão

essa vontade de amor!

Talvez a morte tenha certeza

Por não poupar nossos corpos.

Vida pula a tamanhos passos,

Sobra somente o toque amargo do vento.

Vento bate forte na pele

(arrepia os pêlos)

Com certa dose de estranheza:

O arrependimento de passar?

Os instantes saltam nulos no tempo.

Sem perceber o vento leva a alma. Na morte

Apenas as remotas lembranças,

Prudentes momentos inventados, se apagam,

Como os vaga-lumes no verão

Entretidos

Rumo às infindáveis estrelas do sonho.

(Gabriel Mayer, 26/02/07)