Amor; velho fato novo
Vez por outra surge um novo fato,
E nos chuta de surpresa, esse feto;
Olhos de outra face, então eu fito,
Comparo a nova com a antiga foto,
Para ver se a aplaudo ou, só refuto...
Tendemos a aplaudir o novo rápido,
E após alguns erros ficamos céticos;
Decepção nos apura o senso crítico,
vamos além donde vai alcance ótico,
fenômeno engana, quem é estúpido...
Alma foge, pois, da prisão orgânica,
E vai mui além da armadilha cênica;
Sabe que, visão tem sua falha clínica,
Pega fugaz por eterno, sina hedônica,
Não cabe nova foto, na moldura única...
Amor é sempre novo, precioso, caro,
A fome eventual, descompasso mero;
Se, foto da modelo errada alheio, tiro,
Coleção do engano assino, corroboro,
mato no presente, o eventual, futuro...
Não vou ver o sublime como máquina,
Como se a vida devesse algo à técnica;
Mesmo abalada, por tremura sísmica,
Vão-se os anéis, essa verdade cósmica,
Morram chances, esperança, é a última...