Refrigério
A tristeza transborda os olhos
Envenena a alma
Sai pelos ouvidos
Quanto tempo vem sendo perdido
Lamentando
Ressentindo
O Espírito aprisionado
Já não atina direito
O pensamento se embota, indefinido
O rio da vida está poluído
Inundado de mágoas
Ele corre, sofrido
Enfraquece-me os ossos
O corpo destrói
Descem-me lágrimas sem cessar.
Mas de repente, ouço sua voz e
Este mundo lúgubre imediatamente, quero deixar
Mausoléu dos dias idos
Doloridos
Que estão sempre a conduzir-me
Para diante de um mesmo muro
Quero dançar outro ritmo
Viro o disco
Recomeço
Sem ensaio
Nem aviso
Me despeço
Sem fuga
Nem receio, a linha atravesso
Pulo o tal muro, enfim.
O Amor toma conta de mim
A alegria me seduz
E esta recém-nascida paz de espírito me traz luz
Luz esta que ilumina
Uma nova correnteza
De águas limpas, tão cristalinas
Me deito na grama sob os raios de sol
Me deixo purificar
E a música dos livres começo a escutar
Sua melodia é doce
Suave
Refrigerante
Renasço feliz neste instante
Brilho novo no olhar
Um lindo alvorecer
É que do outro lado daquele muro só podia estar mesmo você.