Declaração de amor à-mod’antiga

(para Karin)

Alheio ao teu tempo perdido encontro-te profundo e tirano desejo,

Ânsia vinda do profano medo de uma tépida realização do sobrenatural.

Encontro nos teus lábios puros a reação mista do soberbo ato magistral,

Que enlaça o meu corpo no teu corpo enquanto desfruto de teu amargo [beijo,

Que procura suportar as densas e tensas e fortes fagulhas épicas do [tempo,

Que propõem suspender todos os atos falhos e azedos expostos ao vento.

Porque tu és um ser milagroso, esquece esta mísera vida de lamento

E embriaga-te toda, de uma vez por todas, no diabólico amor da tua [morte, ser que contemplo.

Não existe no mundo tão vasto amor quanto este!

Não existe tão casto amor quanto este no mundo!

Não existe tanto amor, nem tão pouco amor no mundo quanto este!

Se o sabor dos teus beijos mudos de desdém for mesmo tão alheio a este [mundo

Quero perder-me todo em ti, padecer no sabor intenso de teu doce beijo [úmido

E insensato sentir... depois morrer, e sentir... e te ter, para depois... te [perder.